12 de dez. de 2009
Educação inclusiva
Não passa uma semana em que não leia ou ouça alguém falando a respeito de incluir pessoas com a deficiência X ou Y na escola. O assunto passa por discussões em grupos, por teses de mestrado e doutorado e por infindáveis trabalhos de conclusão de curso (os TCC´s que aterrorizam nossos estudantes universitários).
Eu me lembro que nos primeiros anos do Samuel (meu filho que tem síndrome de Down) eu cheguei a flertar com essa idéia. Comecei a colecionar livros sobre matemática para crianças com SD, alfabetização para crianças com SD. Livros que, por sinal, eu nunca cheguei a usar e joguei todos fora em uma das minhas limpezas de biblioteca (não acreditava neles nem para encaminhar para outras pessoas).
Nunca usei porque, à medida que o Samuel avançava na escola, eu descobri que não existe uma coisa como matemática, português ou geografia para pessoas com síndrome de Down. A ortografia é a mesma para pessoas cegas, paraplégicas ou com síndrome de Down. Não existem tabuadas diferentes para surdos ou pessoas com autismo.
Da mesma forma que descobri que não existe um método pedagógico que atenda homogeneamente todas as pessoas que tem uma mesma deficiência. Meu filho aprendeu cedo a ler, o que não significa que todas as crianças com SD terão a mesma facilidade. Por outro lado, ele não tem a mesma habilidade visual, o que torna a geometria e as artes algo onde ele sempre sofre um pouco.
Acontece que os educadores acham que, da mesma forma como a educação é pasteurizada e homogênea para os alunos ditos “normais”, devem existir métodos mágicos que resolvam todos os problemas educacionais daqueles que tem deficiência.
Esses educadores foram formados em escolas e universidades onde foram tratados como massa de pastel, não é para menos que repliquem o modelo. Chega a ser engraçado que, quando questionados sobre suas classes homogêneas, eles afirmem de pés juntos que não existem essas classes. Por outro lado ensinam, dão lição de casa e avaliam como se todos fossem idênticos.
A escola onde meu filho estuda teve outra aluna com SD (que saiu de lá porque a família mudou de cidade) e eles não demoraram mais que um mês para descobrir que o que tinham feito com o Samuel não servia para a outra menina. O estilo de aprendizagem das pessoas não está instalado no cromossomo 21.
Querer incluir pessoas por categorias é perpetuar o preconceito e a discriminação (preconceito e discriminação que. algumas vezes, são promovidos pelos próprios grupos excluídos). É alimentar a indústria de escolas segregadas, de livros especializados, de palestras pseudo-inclusivistas.
Enquanto escolas e educadores não perceberem que a inclusão é um assunto da educação, e não da educação das pessoas com deficiência, continuarão a trilhar o caminho errado. Educação inclusiva só existe se for boa para as pessoas com e sem deficiência, com e sem problemas sócio-econômicos, com e sem distúrbios, transtornos ou fragilidade social.
No momento que fizerem essa descoberta, certamente teremos mais gente discutindo educação de verdade e não essa nuvem de fumaça que temos hoje.
Publicado em sexta-feira, dezembro 11th, 2009 - 06h31min
A cada dia uma nova descoberta...
11 de dez. de 2009
Educaçao Inclusiva
A inclusão escolar de alunos com deficiência não se faz apenas em escolas e ambientes comuns, e também não se faz apenas em escolas e ambientes especializados. Todavia, a normatização existente no Brasil até pouco tempo, a despeito de ser clara quanto ao direito à inclusão, destinava as verbas públicas para um ou para outro serviço, em se tratando de um mesmo aluno.
Após várias iniciativas capitaneadas pela Secretaria de Educação Especial do Ministério da Educação para resolver este impasse, vem a lume o Parecer nº 13, do Conselho Nacional de Educação.
Ele menciona que "a partir de 2010, os alunos com deficiência, com transtornos globais do desenvolvimento e com altas habilidades/superdotação serão contabilizados duplamente no âmbito do FUNDEB, quando matriculados em classes comuns do ensino regular e no atendimento educacional especializado."
O mesmo Parecer explica que isto ocorre, pois o atendimento educacional especializado não deve ser entendido "como substitutivo à escolarização realizada em classe comum", "mas sim como mecanismo que viabilizará a melhoria da qualidade do processo educacional". Nessa linha, o art. 1º do projeto de Resolução, aprovado por tal Parecer, determina que todos os alunos que necessitam de atendimento educacional especializado devem estar matriculados também em classes e escolas comuns. Ou seja, não é o fim do ensino especializado, é apenas mais um sinal de que ele deve se reestruturar para que, definitivamente, deixe de ser substitutivo do acesso ao ensino comum para ser um apoiador desse acesso.
O CNE nem poderia agir diferente até porque a Resolução e o respectivo Parecer não inovaram em nada. Apenas estão implementando o que está assentado na legislação brasileira (Constituição, leis e decretos) e agora, com muito maior ênfase, na Convenção da Onu sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, já ratificada pelo Brasil com estatura de norma constitucional. Tal Convenção, em seu artigo 24, proclama o reconhecimento do "direito das pessoas com deficiência à educação" e que "para realizar este direito sem discriminação e com base na igualdade de oportunidades, os Estados Partes deverão assegurar um sistema educacional inclusivo em todos os níveis".
Ora, para ser "inclusivo" o sistema, é preciso que os alunos com deficiência tenham acesso aos ambientes comuns. Mesmo os alunos considerados "graves". Esses, aliás, são os que mais necessitam de um ambiente desafiador e plural. Acrescente-se que as escolas que se organizam para receber até mesmo alunos com sérios déficits, providenciando todos os apoios necessários, são indubitavelmente melhores e mais completas, o que beneficia a todos.
Entretanto, essas diretrizes vêm sendo bastante questionadas. O motivo das críticas é o de sempre: o de que nem todos os alunos com deficiência ou outras necessidades podem ser matriculados em escolas comuns. Isto tem a aparência de razoável, mas é o equivalente a dizer que nem todos esses alunos são seres humanos detentores dos mesmos direitos que as demais pessoas. Nenhuma criança ou adolescente pode ser condenada à segregação. A ficar excluída da sua geração.
Estamos certos de que as críticas ao Parecer nº 13/2009 só podem estar ocorrendo por falta de informação, pois, na verdade, o CNE acaba de dar a sua maior contribuição nessa matéria.
Aqueles que realmente defendem os direitos das pessoas com deficiência entenderão que proteção e zelo passam pelo inquestionável direito à não discriminação, passam pelo direito de ser mais uma criança entre as outras. O Parecer, na esteira das demais normas que lhe dão embasamento, dá a garantia prática para que isto ocorra e ocorra com qualidade.
Eugênia Augusta Gonzaga Fávero é Procuradora da República em São Paulo, Mestre em Direito Constitucional pela PUC/SP, autora do livro "Direitos das pessoas com deficiência", pela WVA Editora, e da cartilha "O acesso de alunos com deficiência às classes e escolas comuns da rede regular de ensino", pela Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão, do Ministério Público Federal.
10 de dez. de 2009
Educação Inclusiva... Um pleonasmo???
AME - Fale um pouco sobre sua formação acadêmica e por que optou por ser procuradora?
Dra. Eugênia Fávero - Sempre estudei em escolas públicas, no interior de Minas Gerais, até o 2º grau. Não pensava em fazer Direito e muito menos em ser procuradora. Na verdade, eu queria cursar análise de sistemas, de preferência numa faculdade também pública. Mas não passei no almejado vestibular e, aos 17 anos, acabei optando por uma faculdade mais próxima de minha cidade, Guaranésia (MG), ainda que particular, pois havia arrumado o meu primeiro emprego. Escolhi o curso de Direito, confesso que foi porque não vislumbrei, naquela ocasião, melhor opção. Nunca cursei grandes escolas, tudo o que obtive foi sempre com muito esforço, mas nada diferente do que qualquer pessoa pode alcançar. Cursei até o 3º ano, sem o menor entusiasmo, quando comecei a trabalhar no fórum daquela cidade, por ter sido aprovada em um concurso público para escrevente. Passei, então, a ter contato com os processos e, a partir daí, me apaixonei pelo Direito e fiquei decidida a atuar na área jurídica, mas como advogada, pois sempre gostei de desafios. Após um período como escrevente, advoguei nas cidades de Campinas e, depois que me casei, em São Paulo, sempre na área cível. Em 1996, prestei o meu primeiro concurso para a carreira de procuradora da República e obtive aprovação. Eu não fazia idéia da beleza dessa carreira e o quanto eu me realizaria nela. Agradeço a Deus todos os dias por ter me levado por caminhos que me fizeram procuradora. É uma carreira que oferece, e como, os tão sonhados desafios...
AME - Quando escolheu ser procuradora, tinha em mente atuar na área da inclusão?
Dra. Eugênia - Inicialmente, não, pois só fui conhecer melhor a carreira após ter tomado posse. Mas, logo que isso aconteceu, a área que mais me conquistou, já em 1997, foi a relativa à cidadania, que trata, entre outros temas, de direitos das pessoas com deficiência. Só pude atuar efetivamente nessa área no ano 2000. Eu havia feito essa opção por escrito no início do ano de 1999, quando estava prestes a entrar em licença-maternidade, para ter o meu segundo filho, momento em que eu ainda não sabia que minha vida pessoal iria se cruzar com a referida escolha profissional.
AME - Como é a relação com seus filhos?
Dra. Eugênia - Acho que nossa relação é muito boa, apesar de eu me ausentar muito em razão de compromissos profissionais. Acredito que eles entendem essas ausências, pois também valorizam o que faço. Eu os deixo participar o tempo todo, redijo muita coisa em casa e, assim, creio que não sentem a falta de uma mãe presente fisicamente em tempo integral.
AME - Como define o momento em que soube que seu filho possuía deficiência? Como se sentiu a respeito daquele presente e do futuro à sua frente?
Dra. Eugênia - É muito difícil definir. Primeiro, foi como se a notícia não fosse comigo, ou que eles ainda iriam dizer que havia sido um engano e que aquele bebê lindo não tinha absolutamente nada. Aos poucos fui conseguindo entender o que estava acontecendo. Houve, sim, nas primeiras semanas, momentos em que chorei muito, mas tive a orientação de bons profissionais, muito apoio dos amigos e da família, o que me ajudou demais. Mas o fator fundamental foi ver que quanto mais eu conversava e interagia com o Vinícius, mais ele respondia positivamente, o que me enchia de confiança em relação ao futuro. Um momento crucial foi quando ele precisou ser operado às pressas, do coração, aos dois meses e meio. Quando foi levado pelos médicos e eu percebi que ele estava correndo sério risco de vida, lembro que tive um único pensamento: disse a Deus que o queria vivo e que todas as implicações da Síndrome de Down não importavam mais. A cirurgia foi muito bem sucedida e, quando saímos do hospital, eu senti que ele havia nascido outra vez e que eu estava saindo da maternidade, felicíssima, com meu bebê.
AME - Antes de seu filho, havia tido contato anterior com pessoas com deficiência?
Dra. Eugênia - Os principais contatos que tive foram na minha infância, com duas amigas com deficiência mental, com quem eu às vezes brincava. Uma delas porque éramos praticamente vizinhas na zona rural, e a outra porque nossos pais eram muito amigos e tínhamos a mesma idade. Esta última faleceu quando tinha em torno de 22 anos, o que eu senti muito. Tenho também uma prima com deficiência múltipla, mas leve. Nossos encontros ocorriam apenas em férias, por ocasião de visitas familiares. Assim, não posso dizer que não tive contato, mas hoje percebo que foram muito esporádicos. Não proporcionaram a mesma vivência que eu teria se tivessem ocorrido num ambiente escolar.
AME - A senhora é muito querida e admirada por sua defesa da inclusão escolar. Essa defesa tem gerado reações adversas ou a aceitação é geral?
Dra. Eugênia - Surpreendentemente essa defesa tem gerado reações adversas por parte de alguns órgãos e pessoas já ligados à causa da deficiência, mas são opiniões isoladas e, a maioria delas, baseadas em informações distorcidas. Quando temos a oportunidade de conversar e de explicar, percebemos que as resistências reais são bem localizadas e motivadas por fatores externos à questão da inclusão educacional.
AME - Por que o conceito de inclusão não é entendido de maneira uniforme por todos?
Dra. Eugênia - Eu penso que é porque se trata de algo muito novo e a resistência a novas idéias, novas concepções, principalmente no âmbito educacional, é muito comum.
AME - O que a senhora considera efetivamente como educação inclusiva?
Dra. Eugênia - Considero que esse termo é um pleonasmo, pois, com base na Constituição brasileira, é possível concluir que, se o ambiente escolar não for inclusivo, ou seja, se não atender a todos os alunos sem exclusões e restrições, não estamos falando de educação. Para tanto, basta o seguinte: que a escola comum esteja aberta a todas as matrículas, podendo dar preferência a pessoas residentes naquela região, ou outro critério objetivo; que não concentre as chamadas “necessidades especiais” em uma única sala de aula; que adote práticas de ensino democráticas e abertas à diversidade intelectual existente entre os alunos de uma mesma sala de aula; que o prédio esteja adaptado arquitetonicamente; que os responsáveis pela escola saibam onde dirigir-se caso necessitem de algum apoio especializado relacionado ou não à educação especial; que a educação especial tenha conteúdo realmente específico e seja ofertado de preferência na mesma escola, ou por uma escola especializada, de forma complementar, mas não impeditiva, do acesso à sala de aula comum.
AME - Como é hoje a educação e o desenvolvimento de seu filho?
Dra. Eugênia - Meu filho freqüenta escolas comuns desde os dois anos de idade, e faz as terapias e exercícios específicos desde que nasceu. Seu desenvolvimento motor e cognitivo está excelente. Para mim ele está “dez”, como ele mesmo diz, quando gosta de alguma coisa.
AME - Que tipo de educação a senhora espera que seu filho receba ao longo de sua formação e qual tipo de sociedade a senhora gostaria que o aguardasse na idade adulta?
Dra. Eugênia - Quero que o Vinícius e a Gabriela tenham uma formação, acima de tudo, humana e emancipadora. Uma sociedade onde ele encontre amigos, em que ele se sinta acolhido, feliz e que saiba lidar com as adversidades porque elas fazem parte da vida. Acho que esse é o desejo de todos os pais em relação a todos os filhos.
AME - O que a sociedade pode fazer para contribuir para a inclusão das pessoas com deficiência em geral?
Dra. Eugênia - Creio que é sendo mais sensível, em todos os campos: no trabalho, na escola, no lazer, etc. Porém, “sensível” não é no sentido de ser “bonzinho”, mas no sentido de reconhecer em todas as pessoas, mesmo que tenham limitações (quem não as tem?), a titularidade do direito de ser cidadão e de estar nos espaços em geral.
AME - Poderia deixar um recado especial aos nossos leitores?
Dra. Eugênia - Posso deixar o mesmo recado que fiz constar na introdução do meu livro, e é dirigido principalmente aos pais de pessoas com deficiência: “os filhos, não são os nossos filhos, são os filhos e as filhas da ânsia da vida por si mesma. Vêm através de vós, mas não de vós. E, embora vivam convosco, não vos pertencem” (Khalil Gibran). Neste mesmo poema, os filhos são comparados a flechas, os pais a arcos e o arqueiro é Deus. Nosso papel é sermos firmes, seguros e resistentes, como bons arcos devem ser, para que as flechas atinjam seus alvos, sejam eles quais forem, pois o Arqueiro sabe o que faz.
5 de dez. de 2009
Inclusão social
Terça-feira, 27 de outubro de 2009
Olá a todos!!! Já faz dias que resolvi parar com o blog, e por falta de tempo nem vim aqui para comunicar, mas decidi mantê-lo, mesmo que eu venha aqui esporadicamente, preciso de um lugar onde não me calem...
Ontem o Lucas teve avaliação global lá na AACD. Todos os profissionais nos atenderam bem, até nos elogiando por ele não ter cáries e nem luxação mesmo já tendo quase 9 anos.
Eu fui atrás deles há uns dois ou três meses atrás, pois preciso de orientação tanto da pedagogia como psicologia pra que o Lucas volte para a escola. Já que está em casa sem fazer nada.
Eu não sei o que estava escrito no prontuário, se a pedagoga que nos atendeu sabia ou não que eu estava ali em busca de ajuda pra colocar o Lu na escola, mas o fato é que chegou a nós fazendo pressão por ele não estar matriculado, dizendo que deveríamos nos preocupar com o conselho tutelar, pois eles estão em cima... Enfim, se eu não soubesse que as coisas não funcionam da forma que ela falou estava me descabelando, com medo de ter problemas...
No entanto, apesar de saber que não é assim que as coisas funcionam foi inevitável não me sentir uma ameba.
Além de ter que ouvir dela a confirmação do que eu já sabia, de que o meu filho é muito imaturo pra sua idade, ver seu sorriso sarcástico quando lhe falei sobre como eu o estimulava, ouvi que os pais “ajudam”, mas que precisam ser pais...
Se ela sabia ou não que eu estava ali em busca de ajuda pra questão escolar, não sei, mas não custava perguntar?!! Se eu estou ali exatamente pra fazer uma coisa que já deveria estar sendo feita, o mínimo era dizer: mãe é bom mesmo que vocês queiram colocá-lo de volta na escola, pois o conselho tutelar está em cima dos pais que deixam os filhos em casa... Mas fazer aquela pressão, nos olhando como se fossemos um casal de irresponsáveis...
Conforme fui falando que eu o estimulava, mesmo reconhecendo que não sabia se era certo ou não e que buscava orientações, ela continuou firme com seu olhar geladeira. Aquele que te deixa paralisado e sem ação...
Parece que a única coisa que se mexia em mim era as lágrimas querendo emergir...
Não dá pra descrever o riso de desdém e a forma como nos olhava...
Eu devo precisar urgente de uma ajuda, pois naquela hora me senti o mosquito do cocô do cavalo...
Será que é tão difícil falar pros pais::
Legal você tentar ajudar seu filho, mas olha você fizer dessa forma ele vai entender melhor.... Isso soa como estímulo.
Se uma mãe que não sabe a importância que ela tem no tratamento e desenvolvimento do seu filho ouvisse aquilo, ela jamais iria fazer algo que pudesse estimular seu filho... Porque foi assim que saí de lá ontem, sem pique pra continuar... Pois se já é tão difícil ficar dizendo pro filho, fazer de tal forma... Assim... E fazendo, repetindo a mesma coisa dia após dia pra poder ver um resultado, pra depois ouvir de alguém que respeitamos por ser um profissional que não é desse jeito e que temos que ser pais, como se todo aquilo fosse em vão???...
Faltou ela dizer: deixe os tratamentos com a gente, sejam pais, como se ser pais e mãe, é apenas ver o filho crescer sem ter participação em seu desenvolvimento...
Então a mãe ou o pai que ajuda seu filho, não importa se com ou sem deficiência, a fazer sua lição de casa, não é um colaborador do seu professor?? Ela não está tendo participação direta na educação do seu filho???
E nós temos que colocar as goteiras e todas as outras órteses que nossos filhos precisarem, que temos que junto com os médicos decidir qual o melhor procedimento pra ele, se isso não interferir em risco de morte, não somos também auxiliares da equipe médica?? Pode então o médico, o professor, o fisioterapeuta, fazer todo o trabalho sem o auxilio dos pais????
Auxiliar é prestar auxílio a. = AJUDAR, SOCORRER. Servir de meio para. Que ou o que presta assistência a outrem na realização de alguma atividade. Que ou quem tem uma função secundária em alguma atividade.
Parece ser simples, meu filho teve paralisia cerebral, não vai andar, não vai sentar, tem déficit cognitivo, temos que enfrentar uma vida de médicos, exames e cirurgias, tudo indica que pelo resto da vida, mas está tudo bem... Fácil né, se fosse assim???
Mas não é não.... Existe uma criança que sofre uma mãe impotente, que às vezes é apenas um apoio pro filho (mas esse apoio também pode ser tudo). Existe muita dor por trás disso tudo. Não é apenas uma cirurgia, é mais uma entre tantas... Confirmar o que eu de certa forma já sabia (sobre o déficit de cognitivo) não é só uma perda, é mais uma perda, entre tantas...
A feridinha no coração da mãe, também não é só uma, é mais uma....
O não, é mais um dentre tantos em quase 9 anos...
Estou me sentindo péssima, nem preciso dizer que tive que me conter pra não chorar lá. Não por vergonha, mas porque ela não merecia sequer presenciar as minhas lágrimas.
E agora eu me pergunto, que raio de liberdade é essa que não nos dá opções decentes de escolha... Se a escola especial não pode aceitar (seja por qual motivo for...) e eu não encontrar no meu bairro uma decente, ou eu vou pra longe atrás de outra ou eu fico naquela mesma, senão o conselho tutelar vem atrás de mim... Ah e ainda fiquei sabendo que o auxiliar que tem nas salas de aula é só para o primeiro ano e que ele entrando na escola vai ser respeitada a idade dele, então se a idade dele é estar na 2ª série é pra lá que ele vai, com o mesmo currículo que os outros, adaptado pela professora (se isso acontecer na prática tudo bem, mas infelizmente não é o que vemos...)
Se ele vai se sentir bem lá na escola, nessa sala, com coleguinhas da sua idade cronológica, mas cognitivamente lá na frente, parece que só importa a mim, a mãe... somente a mim... A minoria na história...
O fato de eu já ter me sentido um lixo quando ele estava na escola, no dia das mães quando todos cantaram e ele ficou lá no meio que nem estátua sem ter noção do que tava acontecendo, e de outras crianças cuja professora auxiliar chegou na sala e viu os dois alunos com síndrome de Down no canto enquanto os outros ensaiavam para a apresentação, isso não conta, é apenas um mero detalhe... O importante é que estão na escola.
Mais uma vez parece que o a única coisa que conta é os números: não importa a qualidade de vida das crianças e sim quantos prematuros se salvam, não importa se os alunos estão realmente incluídos, o importante é que o número de alunos com deficiências nas escolas está aumentando cada vez mais...
Será que nós pais temos outra opção?? Já sei, vou morar nas montanhas!!!
Blog da Antonia: http://umamaeespecial.blogspot.com/2009/10/de-volta.html#links
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Avaliação
4 de dez. de 2009
A beleza de ser
Clip promocional do Calendário 2010 da ReviverDown, realizado em parceria com a SpecialKidsPhotography do Brasil
www.specialkidsphotography.com.br
30 de nov. de 2009
Oração do professor
Senhor, tu me conheces.
Sabes onde nasci, sabes de onde venho, quem sou. Conheces minha profissão: sou professor.
Desde criança, tinha em mim um imenso desejo de ensinar. Queria partilhar vida, sonhos. Queria brincar de reger. Reger bonecos. Plantas. Reger as águas do mar que desde cedo aprendi a namorar.A todos ensinava, Senhor.
Criava e recriava histórias para senti-las melhor, para reparti-las com quem quisesse ouvir. Eu era um professor. Fui crescendo e percebi o quanto o sonho era real. Queria ensinar mesmo. Estudei. Concluí o curso universitário.
Hoje sou, de fato, um professor. Com diploma, certificado e emprego estável. Hoje não são bonecos que me ouvem, são crianças. Dependem tanto de mim. Do meu jeito. Do meu toque. Do meu olhar.
São crianças ávidas de aprender. E de ensinar. Cada uma tem um nome. Uma história. Cada uma tem um ou mais medos. Traumas. Têm sonhos. Todas elas, crianças queridas, sonham. E eu. Eu, senhor, sou um gerenciador de sonhos. Sou um professor.
Respeito todas as profissões. Cada uma tem seu valor,sua formosura. Mas todas elas nascem da minha. Ninguém é médico, advogado, dentista, doutor, sem antes passar pelo carinho, pela atenção, pelo amor de um professor.
Obrigado, Senhor.Escolhi a profissão certa. Escolhi a linda missão de partilhar.
Tenho meus problemas. Sofro, choro, desiludo-me. Nem sempre dá certo o que programei. Erro muito. Aprendo errando, também.
Mas de uma coisa estou certo: sou inteiro. Inteiro nas lágrimas e no sorriso. Inteiro no ensinar e no aprender.
Sei que meus alunos precisam de mim . E eu preciso deles. E por isso somos tão especiais. E nesta nobre missão de educar, nossa humanidade se enriquece ainda mais.
Sou professor. Com muito orgulho. Com muita humildade. Com muito amor. Sou professor!
Amém!
Gabriel Chalita
Obrigada professor Gabriel Chalita pelas palavras, que falam também por mim.
Maria helena Andrade do Vale
24 de nov. de 2009
Conto: "A Pequena Vendedora de Fósforos"
Fazia um frio terrível; caía a neve e estava quase escuro; a noite descia: a última noite do ano.
Em meio ao frio e à escuridão uma pobre menininha, de pés no chão e cabeça descoberta, caminhava pelas ruas.
Quando saiu de casa trazia chinelos; mas de nada adiantavam, eram chinelos tão grandes para seus pequenos pezinhos, eram os antigos chinelos de sua mãe.
A menininha os perdera quando escorregara na estrada, onde duas carruagens passaram terrivelmente depressa, sacolejando.
Um dos chinelos não mais foi encontrado, e um menino se apoderara do outro e fugira correndo.
Depois disso a menininha caminhou de pés nus - já vermelhos e roxos de frio.
Dentro de um velho avental carregava alguns fósforos, e um feixinho deles na mão.
Ninguém lhe comprara nenhum naquele dia, e ela não ganhara sequer um níquel.
Tremendo de frio e fome, lá ia quase de rastos a pobre menina, verdadeira imagem da miséria!
Os flocos de neve lhe cobriam os longos cabelos, que lhe caíam sobre o pescoço em lindos cachos; mas agora ela não pensava nisso.
Luzes brilhavam em todas as janelas, e enchia o ar um delicioso cheiro de ganso assado, pois era véspera de Ano-Novo.
Sim: nisso ela pensava!
Numa esquina formada por duas casas, uma das quais avançava mais que a outra, a menininha ficou sentada; levantara os pés, mas sentia um frio ainda maior.
Não ousava voltar para casa sem vender sequer um fósforo e, portanto sem levar um único tostão.
O pai naturalmente a espancaria e, além disso, em casa fazia frio, pois nada tinham como abrigo, exceto um telhado onde o vento assobiava através das frinchas maiores, tapadas com palha e trapos.
Suas mãozinhas estavam duras de frio.
Ah! Bem que um fósforo lhe faria bem, se ela pudesse tirar só um do embrulho, riscá-lo na parede e aquecer as mãos à sua luz!
Tirou um: trec! O fósforo lançou faíscas, acendeu-se.
Era uma cálida chama luminosa; parecia uma vela pequenina quando ela o abrigou na mão em concha...
Que luz maravilhosa!
Com aquela chama acesa a menininha imaginava que estava sentada diante de um grande fogão polido, com lustrosa base de cobre, assim como a coifa.
Como o fogo ardia! Como era confortável!
Mas a pequenina chama se apagou, o fogão desapareceu, e ficaram-lhe na mão apenas os restos do fósforo queimado.
Riscou um segundo fósforo.
Ele ardeu, e quando a sua luz caiu em cheio na parede ela se tornou transparente como um véu de gaze, e a menininha pôde enxergar a sala do outro lado. Na mesa se estendia uma toalha branca como a neve e sobre ela havia um brilhante serviço de jantar. O ganso assado fumegava maravilhosamente, recheado de maçãs e ameixas pretas. Ainda mais maravilhoso era ver o ganso saltar da travessa e sair bamboleando em sua direção, com a faca e o garfo espetados no peito!
Então o fósforo se apagou, deixando à sua frente apenas a parede áspera, úmida e fria.
Acendeu outro fósforo, e se viu sentada debaixo de uma linda árvore de Natal. Era maior e mais enfeitada do que a árvore que tinha visto pela porta de vidro do rico negociante. Milhares de velas ardiam nos verdes ramos, e cartões coloridos, iguais aos que se vêem nas papelarias, estavam voltados para ela. A menininha espichou a mão para os cartões, mas nisso o fósforo apagou-se. As luzes do Natal subiam mais altas. Ela as via como se fossem estrelas no céu: uma delas caiu, formando um longo rastilho de fogo.
“Alguém está morrendo", pensou a menininha, pois sua vovozinha, a única pessoa que amara e que agora estava morta, lhe dissera que quando uma estrela cala, uma alma subia para Deus.
Ela riscou outro fósforo na parede; ele se acendeu e, à sua luz, a avozinha da menina apareceu clara e luminosa, muito linda e terna.
- Vovó! - exclamou a criança.
- Oh! Leva-me contigo!
Sei que desaparecerás quando o fósforo se apagar!
Dissiparão como as cálidas chamas do fogo, a comida fumegante e a grande e maravilhosa árvore de Natal!
E rapidamente acendeu todo o feixe de fósforos, pois queria reter diante da vista sua querida vovó. E os fósforos brilhavam com tanto fulgor que iluminavam mais que a luz do dia. Sua avó nunca lhe parecera grande e tão bela. Tornou a menininha nos braços, e ambas voaram em luminosidade e alegria acima da terra, subindo cada vez mais alto para onde não havia frio, fome nem preocupações - subindo para Deus.
Mas na esquina das duas casas, encostada na parede, ficou sentada a pobre menininha de rosadas faces e boca sorridente, que a morte enregelara na derradeira noite do ano velho.
O sol do novo ano se levantou sobre um pequeno cadáver.
A criança lá ficou, paralisada, um feixe inteiro de fósforos queimados. - Queria aquecer-se - diziam os passantes.
Porém, ninguém imaginava como era belo o que estavam vendo, nem a glória para onde ela se fora com a avó e a felicidade que sentia no dia do Ano Novo.
Contos, fabulas e historinhas: A Pequena Vendedora de Fósforos
Curiosidades
Esse conto nos faz refletir questões importantes como: o abandono, a miséria, a fome, a indiferença, a inveja, a exclusão.
É importante que pensemos nessas questões e no que podemos fazer para ajudar a tornar a vida do nosso próximo e por conseqüência, a nossa melhor.
Que as pequenas e os pequenos vendedores de fósforo tenham histórias lindas, cheias de amor, compaixão, ajuda, carinho e felicidade.
Sugerimos algumas atividades para trabalhar esse lindo conto:
- Fazer um mural com recortes de jornais e revistas que retratem situações semelhantes às vividas pelo personagem do conto e discuti-las em classe,
- Propor a produção de um final feliz para o conto,
- Trabalhar o Estatuto da Criança e do Adolescente,
- Promover uma campanha de agasalhos e alimentos para alguma comunidade próxima.
14 de nov. de 2009
Síndrome de Down
A deficiência intelectual em indivíduos com síndrome de Down é consequência de privação cultural, não uma determinação genética
Quando nasce uma pessoa com trissomia do cromossomo 21, o fenótipo característico (crânio com diminuição do diâmetro ântero-posterior, pregas epicantais, falanges curtas, espaços alargados entre primeiro e segundo dedos, e outros achados) geralmente leva ao diagnóstico de Síndrome de Down. Ao momento em que o fato é comunicado aos pais, predições prognósticas pessimistas em relação ao desenvolvimento intelectual e saúde em geral são incluídas na informação oferecida.
A nossa proposição é a de que o “retardo mental moderado a severo”, geralmente incluído nas descrições médicas da síndrome não é determinado pela estrutura genética da pessoa trissômica, mas é produto da privação cultural.
Esta proposição é bem suportada por três linhas de evidência, que serão apresentadas em sequência. Primeiro, será mostrado que os indivíduos com síndrome de Down são geralmente expostos a uma educação sem significado, culturalmente vazia, que impede o desenvolvimento de processos psicológicos superiores. Segundo, será demonstrado que o desenvolvimento dos processos psicológicos superiores são dependentes de um contexto culturalmente rico. Na visão de Vigotski, esses processos psicológicos representam a aquisição pelo indivíduo das ferramentas culturais. Terceiro, será mostrado que as mudanças de atitude em relação as pessoas com síndrome de Down realmente propriciam resultados antes impensáveis em seu desenvolvimento cognitivo.
Pessoas com síndrome de Down são geralmente expostas a um contexto culturalmente pobre. A síndrome de Down pode ser diagnosticada tanto no período pré-natal, como após o nascimento. Reações das mães (e também dos pais) à notícia são mais frequentemente negativas do que positivas e a aceitação da criança e o vínculo entre mãe e filho ou filha pode demorar a se estabelecer (Skotko, 2005 - DOI: 10.1542/peds.2004-0928 – http://pediatrics.aappublications.org/cgi/reprint/115/1/64)
Gil Pena
Para saber mais, acesse o Blog Disdeficiência: http://blog.disdeficiencia.net/2009/07/05/a-deficiencia-intelectual-em-individuos-com-sindrome-de-down-e-consequencia-de-privacao-cultural-nao-uma-determinacao-genetica/
6 de nov. de 2009
"Conheças todas as teorias, domine todas as técnicas,
mas ao tocar uma alma humana, seja apenas outra alma humana."
Carl Gustav Jung
Assim é o professor. Um profissional que deixa o coração falar mais alto.
5 de nov. de 2009
Fala e linguagem da criança
Todas as atividades que envolvam a expressão da criança são importantes para o desenvolvimento da fala e da linguagem. Assim, devem ser proporcionados momentos em que a criança fale, cante e conte histórias e coisas do seu dia a dia, além de momentos em que o adulto lhe dê o modelo adequado. Toda criança em desenvolvimento de linguagem (fala) necessita de outras pessoas ao seu lado que já saibam falar e que lhe servirão de modelo. Quanto mais oportunidades a criança tiver de entrar em contato com o adulto e com outras crianças e de exercitar a sua fala, mais rápido ela irá desenvolver sua produção oral.
Algumas maneiras que podem ajudar a criança a desenvolver a linguagem oral:
- Use palavras simples e curtas;
- Pronunciem corretamente as palavras, usando boa articulação e entonação;
- Aproveite os momentos de maior atenção da criança para conversar com ela;
- A criança deve sentir a necessidade de falar, por isso não pegue os objetos para ela sem que ela fale o nome, mesmo que incorreto;
- Devolve sempre as palavras ditas erradas para a criança da maneira correta, não reforçando a errada;
- Aproveite as atividades do dia a dia (banho, alimentação e passeios) para dizer o nome e as funções das coisas, aumentando assim o vocabulário da criança;
- Dê oportunidade para a criança manifestar seus interesses e necessidades;
- O melhor jeito de conversar com a criança é de frente, faca a face;
- Explore os órgãos usados para falar (língua, lábios e bochechas). Ex: vibrar os lábios e a língua, mandar beijo, encher as bochechas de ar e soltar;
- Imitar sons do ambiente e da vida diária como: onomatopéias (trrrrim do telefone);
- Brinquem com os objetos que produzam sons, estimulando a audição da criança. Ex: Tampa da panela, caixinha com feijão, brinquedos sonoros;
- Não usem palavras no diminutivo, pois por terminarem em “inho” dificultam a memorização;
- Não imite a fala “errada” da criança, nem peça para repetir por achá-la “engraçada”, pois o adulto é o modelo que ela seguirá para se corrigir e a repetição fixará o padrão incorreto;
- Dê pequenas ordens para a criança cumprir (pegue a bola, jogue o papel no lixo, pegue o sapato) Será um exercício que ajudará na memorização;
Tudo tem seu tempo, cada criança tem seu ritmo de desenvolvimento. Não fiquem ansiosos para que a criança fale. Isto pode deixá-la mais silenciosa.
Fga. Débora Sarraf Souza (CRFa 4128 – MG)
15 de out. de 2009
11 de out. de 2009
Tião Rocha
Você já imaginou se, à sombra de cada árvore, existisse uma sala de aula? Pois esse é o sonho do educador Tião Rocha, personagem de uma história que o Globo Rural foi conferir.
Há muitos anos, Tião se perguntou se era possível criar uma escola ao ar livre, debaixo de uma mangueira. A apresentadora Helen Martins foi conhecer a resposta dessa dúvida em Minas Gerais, junto com o repórter cinematográfico Jorge dos Santos.
Noite de cinema na roça. Na tela: Tapete Vermelho, a história de uma família que sai de casa na zona rural com um sonho, ir à cidade ver um filme de Mazzaropi. Achar um cinema não foi nada fácil.
Em outro pequeno povoado, o cinema é no meio da rua, de graça e tem até pipoca. Essa é uma das novidades que se escondem nas pregas das montanhas do Vale do Jequitinhonha. É lá que fica Araçuaí, município que tem escola espalhada por todo canto, graças ao educador Tião Rocha.
“Qualquer lugar propício para criar um ambiente de aprendizagem, pode ser um espaço escolar, pode ser uma escola. Essa é a pergunta que eu me fiz 25 anos atrás, se era possível fazer educação sem escola ou se era possível fazer uma boa escola debaixo de um pé de manga”, diz.
Com a única certeza da escola que não queria criar, Tião buscou ajuda e formou rodas para discutira a ideia com os moradores da comunidade. Assim, o sonho de Tião virou o sonho de muitos: criar uma sala de aula embaixo de cada mangueira da zona rural. Aos poucos, a escola ao ar livre se transformou em realidade.
“Em uma reunião da comunidade, uma senhora disse: ‘Tião, essa escola é diferente da outra, porque essa a gente vê. A outra a gente vê o muro e o dia em que eu entro lá é quando não tem aula. Eu nunca vi meu menino aprendendo’. A comadre dela comentou: ‘É mesmo, ontem essa escola passou na minha porta três vezes’. Não é um bando de meninos que andam, é uma escola que anda”, conta.
Hoje, Tião tem um espaço dentro do maior colégio particular de Araçuaí, o Nazaré: é o projeto Ser Criança. Lá, tem roda pra todo lado. Tem roda de cantoria, roda para fazer boneca de pano, para pintar cartões com tintas tiradas da natureza.
Durante nossa visita, Tião rodou pra lá e pra cá, sempre se encantando com as crianças.
“É uma alegria, isso alimenta”, diz.
Todas essas crianças frequentam o ensino tradicional e, no outro período do dia, vão ao projeto para brincar. Brincar e aprender.
Jogo de damas muita gente conhece, mas o dessa escola é diferente: é misturado com a matemática. É a damática.
“Por exemplo, tem o 3+3. Se você errar, você não pode comer a pecinha”, conta a aluna Tamires Fernandes Oliveira.
“Eu acho que pelo fato de ela estar na 6ª série, em uma fase mais avançada que a minha, ela pode até ganhar de mim, mas nós temos a mesma capacidade no jogo”, diz Lucas Viana, adversário de Tamires na damática.
“Eu acho esta escola bem melhor, na outra a gente aprende o essencial. Aqui a gente aprende o essencial e mais”, diz Lucas.
No início do projeto Ser Criança, nem o essencial era aprendido na escola tradicional. Tião conta que o índice de reprovação era de 100%. Do desafio de melhorar a aprendizagem sem fazer reforço escolar, surgiu a damática.
“Havia uma garoto chamado Denisson, de 11 anos, que não sabia nada das quatro operações. Ele não sabia fazer contas, mas sabia jogar damas. Um dia, eu peguei um tabuleiro, enchemos com números, de forma aleatória, colocamos sinais de mais e de menos e colocamos uma regra: só pode jogar e fazer dama quem fizer uma conta. Em um instantinho, não sei o que aconteceu na cabeça do Denisson que ele aprendeu a fazer as contas e continuou jogando damas e ganhando”, conta Tião.
Vieram muitos outros jogos. No bornal, estão reunidos aqueles já avaliados nas escolas formais e aprovados.
“Nós temos, hoje, 80 jogos dentro do bornal. Jogos de português, matemática, história, ciências, geografia. Isso aqui virou um cassino, é uma jogatina danada. E todas têm um valor, o valor do aprendizado”, diz o educador.
Aos 15 anos, os jovens, sem trocadilho, têm que deixar o Ser Criança. Como não querem parar de aprender, criaram uma cooperativa que faz artesanato em madeira, metal, materiais recicláveis. A brincadeira é desenvolver novos produtos e, ao mesmo tempo, garantir um salário.
Renda é assunto sério no Vale do Jequitinhonha, uma região com Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), que avalia renda, educação e expectativa de vida, abaixo da média mineira e nacional.
O Jequitinhonha sempre foi conhecido como o vale da miséria, o vale da pobreza, mas quando o educador Tião Rocha chegou à região, há cerca de dez anos, ele levou uma ideia diferente: procurar por pontos luminosos. Pessoas que, com sua sabedoria e sua força de vontade, pudessem contribuir para modificar a comunidade.
“O IDH mede o lado vazio do copo, mede as carências. Não interessa olhar a carência. Isso já foi medido, estudado, analisado. Está cheio de coisa olhando para o lado vazio, o lado obscuro. Eu quero mexer com o lado cheio do copo. Eu quero entender o IPDH: o Índice de Potencial de Desenvolvimento Humano, que é a capacidade que as pessoas têm de acolhimento, de convivência, de aprendizagem e de oportunidade. A gente tem que ter a capacidade de só olhar pelo lado luminoso, para ver o brilho das pessoas. Se você junta um monte de pontos luminosos, você faz um feixe de luz, um holofote, sai energia, sai calor, sai transformação”, diz.
Para conhecer melhor Tião Rocha, nós fomos até Belo Horizonte. É na capital mineira que fica uma Organização Não Governamental (ONG) fundada por ele, o Centro Popular de Cultura e Desenvolvimento (CPCD), com sede na casa onde Tião nasceu e cresceu.
Uma foto que mostra o Tião ainda menino, parece ter sido tirada na roça.
“A minha casa era muito grande, um terreno enorme. Aqui a gente plantava café, milho, tinha muita fruta. Os meus pais saíram da roça, mas a roça não saiu deles”, diz.
Tião se formou em antropologia e foi professor da Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop). Há quase 30 anos, deixou o cargo e criou o CPCD.
“Nos primeiros dez anos do CPCD, todos os nossos recursos vinham de fora do Brasil, de instituições e fundações internacionais. Depois de 95, quando nós começamos a ser reconhecidos pelos prêmios, a gente começou a ter a visibilidade nacional e vários parceiros nacionais”, conta.
A inspiração para o trabalho de uma vida começou na escola, com um trauma no primeiro dia de estudante.
“Nós fomos recebidos pela professora, que nos levou para uma sala de leitura bem no fundo da escola, abriu um livro e começou a ler: ‘Era uma vez, num país muito distante, havia um rei e uma rainha’. Eu levantei a mão e falei: ‘Professora, eu tenho uma tia que é rainha’. Ela falou: ‘Fica quieto menino, isso é história da carochinha, isso não existe”. E era verdade, eu tinha uma tia que era rainha de verdade, a tia gorda, Rainha Perpétua do Congado. Não era de mentirinha, não era história da carochinha. Esse processo traumático também me ajudou a buscar não outra escola, mas outras tias rainhas, outras rainhas de outros meninos, de outras dinastias”, conta.
(Reportagem tirada do Globo Rural de 11 de outubro de 2009 )
Tião Rocha
Em Araçuaí, cada um ensina o que faz melhor
"Para educar um menino é preciso toda uma aldeia. Tião Rocha aprendeu isso numa viagem a Moçambique, na África, e trouxe a lição para o Brasil. Foi com o apoio das comunidades de Araçuaí, em Minas Gerais, que ele começou um trabalho de educação na zona rural, usando os talentos e a sabedoria do povo da roça.
A ponte sobre o rio pode deixar inseguro quem chega pela primeira vez na comunidade São João Setúbal, mas o menino sabido passa por ela montado na bicicleta, sem cair, nem titubear.
Na casa da Dona Marisete, a brincadeira já começou. A escola fica debaixo da mangueira e o que parece uma aula de culinária é aula de alfabetização.
“A erva doce para dar um gostinho melhor, um cheiro”, diz.
‘Em 2004, em Araçuaí, 96,7% das crianças que tinham estudado até a 8ª série estavam numa situação chamada insuficiente. Criamos um pequeno exército de mães educadoras, agentes comunitárias de educação, que tinham que usar o que sabiam para salvar do analfabetismo cada criança. Então, uma senhora falou: ‘A única coisa que eu sei fazer é biscoito. Os meninos podem aprender fazendo isso?’ E eu falei: ‘Podem, aprendem fácil’. Na hora em que eu estava terminando a conversa, eu lembrei de perguntar o nome e ela disse: ‘O nome é biscoito escrevido’ e eu respondi: ‘Se o nome já é esse, a gente pode escrever qualquer coisa’”, conta Tião.
A aula de biscoito “escrevido” faz sucesso. A mãe educadora prepara a massa, que fica logo pronta. Depois, o trabalho é com a criançada. Com a massa, cada um pode escrever o que quiser: uma letra, um número, o próprio nome.
“A gente escreve com o biscoito e a letra da gente vai ficando mais bonita”, conta Angélica Moreira Câmara, de dez anos.
Angélica leva a forma para o forno, de onde não param de sair nomes e letras.
“Criança que não sabia nem o alfabeto aprendeu facinho. Eles ficam alegres de fazer através do biscoito que eles vão comer. Eles aprendem e dá para sentir que vai encher a barriguinha também”, diz a voluntária Hilda Aparecida Soares Nunes.
A barriguinha, pelo jeito, enche bastante. Luana já comeu quase todo o nome dela.
“Estão faltando as letras L, N e A. O L era o que estava mais gostoso”, diz.
A alegria que se vê no rosto das crianças é espelho do entusiasmo das mães cuidadoras. Mulheres da comunidade que ao abrirem espaço nas suas vidas pra ajudar na formação das crianças acabaram virando mães de todos, mães coletivas.
Uma das mães conversa com as crianças: “Quem gostou da historinha? Qual o nome da bezerrinha?” Essa é a roda da contação de histórias. Faz parte do projeto Sementinha, no qual se trabalha com as crianças de quatro a seis anos.
“A melhor coisa que tem é trabalhar com crianças. A gente chega em casa em paz, com a consciência mais leve. É muito bom”, diz Virlene Gomes Coelho.
“Eu tenho uma alegria danada. Eu sinto falta, porque minha mãe não contava e agora eu posso pegar um livro, sei ler, graças a Deus, e posso contar para as crianças e para os meus filhos. Eu tenho quatro filhos”, diz Valdenice Maria Alves.
A capacidade de leitura de Valdenice não ficou só para ela e seus filhos. É assim que funciona, as sabedorias individuais são valorizadas e repassadas pra comunidade.
A moradora de uma casa verde faz biofertilizante. Na casa branca, tem uma especialista em xarope para tosse e a dona de outra casa faz uma ótima farinha láctea, mas nenhuma delas sequer conhecia o talento uma da outra. É por isso que foram criadas as oficinas comunitárias, para a troca de experiências.
Na aula de sabão caseiro, as mulheres se divertem enquanto aprendem. “A gente economiza, usa as ervas que encontramos no quintal, não compramos nada”, conta uma delas.
Bastou um impulso, uma regra para as ideias florescerem. No sertão é assim.
Durante oito, nove meses no ano, a vegetação fica assim: das árvores resta apenas o esqueleto e parece até que está tudo morto. Porém, nas primeiras chuvas, tudo vai voltar a ficar verde.
Enquanto isso não acontece, é o cinza que domina a paisagem. O verde fica só nas margens dos rios. Na beira do Jequitinhonha, Tião se refresca e fala sobre o projeto Caminho das Águas.
“Nós tínhamos o projeto de construir uma cidade educativa. Aí pensamos mais amplo: vamos construir uma cidade sustentável. Nós queríamos fazer o caminho das águas, não perder uma gota de água. Recuperar as nascentes, os rios, cuidar das matas ciliares e, também, captar o máximo que pudéssemos da água da chuva”, conta Tião.
Então, fomos ao encontro das águas do vale. Na comunidade Alfredo Graça fica o rio Gravatá. De um lado, um grupo planta mudas para recuperar a mata ciliar, do outro, sítios com a cerca quase dentro da água, aproveitando a terra ao máximo.
“As pessoas precisam acreditar que algumas atitudes, junto com as queimadas, estão prejudicando essa água que garante a sobrevivência delas. A gente está aqui para contribuir com essa comunidade, para que esse rio não seque”, diz Eliane Oliveira, coordenadora do projeto Araçuaí Sustentável. Hoje, ela acompanha o grupo em mais um trabalho.
Unidas, as pessoas compraram uma terrinha e, agora, fazem no morro valas de infiltração, terraços construídos em curvas de nível para retenção de água da chuva.
“Eles nunca tinham ouvido falar nisso e acharam que a gente era um bando de loucos, de vir para o morro, que para eles era uma terra morta. Depois, a gente fez a primeira experiência. Fizemos os canais e na hora que deu a primeira chuva, verteu aquela água. Quando eles viram aquela água, viram que isso é possível de dar certo”, conta Eliane.
Hoje, as valas já estão todas prontas e o pessoal coloca matéria orgânica.
“São 21 famílias, cada uma vai ocupar uma vala e cada uma sabe o que vai plantar em cada vala”, diz a agricultora Maria Emília Alves.
O agricultor Ronaldo de Souza, 32 anos, já saiu do Jequitinhonha muitas vezes pra tentar a vida fora. Foi sozinho, deixando pra trás a mulher, com quem teve quatro filhos. No corte da cana, ganhou uma cicatriz profunda.
“Quando as duas meninas nasceram, eu não estava aqui. Eu cheguei, fiquei quatro meses e voltei para o corte de cana. Quando eu voltei, eu falei que era o pai dela, ela correu de mim, porque não me reconheceu. Então, isso para mim eu nunca esqueci. Eu nunca falei isso pra ninguém”, conta.
As crianças hoje estão maiorzinhas. Natanael tem nove anos, Ismael, seis, Carolina, quatro, e Karine, três. Ronaldo se agarra na esperança de mudança e na filha que o faz querer mudar."
( Reportagem tirada do Globo Rural de 11 de outubro de 2009 )
Nossas crianças.
“O Unicef denuncia que, a cada ano, pelo menos um milhão de menores (três mil ao dia) são introduzido no mercado do sexo, mas alguns pesquisadores acreditam que o número deva ser quatro vezes maior porque ainda não existem dados estatísticos totalmente confiáveis.
Cerca de 6 milhões de crianças morrem a cada ano pela fraqueza de seu sistema imunológico causada por fome e desnutrição, o que as torna incapazes de superar doenças infecciosas curáveis, como diarréia, sarampo e malária. 63% das crianças dos meios rurais em Moçambique vivem em pobreza extrema; e 34% das famílias não conseguem garantir uma alimentação estável e enfrentam fome permanente.
A UNICEF estima que existem 158 milhões de crianças menores de 15 anos vítimas de trabalho infantil em todo o mundo e que mais de 100 milhões, quase 70 por cento da população laboral infantil, trabalham na agricultura em áreas rurais onde o acesso à escola e ao material educativo é muito limitado.
Em pleno século 21, o Brasil ainda tem 680 mil crianças que não freqüentam a escola. NO BRASIL, 11,5% das crianças de oito e nove anos são analfabetas, segundo o IBGE. O percentual supera a média nacional entre adultos, de 10%. No Nordeste, o índice infantil vai a 23%. No Maranhão atinge o pico nacional: 38%.
Estima-se que, só no Brasil, 18 mil crianças são vítimas de espancamento e uma a cada minuto de algum tipo de violência: emocional, física ou sexual. Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) apontam para uma taxa de 53 mil crianças mortas todos os anos por homicídio no mundo.
Os acidentes, ou lesões não-intencionais, representam a principal causa de morte de crianças de 1 a 14 anos no Brasil. No total, cerca de 6 mil crianças até 14 anos morrem e 140 mil são hospitalizadas anualmente segundo dados do Ministério da Saúde, configurando-se como uma séria questão de saúde pública.
A AIDS deixou órfãs 15 milhões de crianças; Mais de 500 mil crianças nasceram com o HIV, o vírus causador da Aids, no ano passado. Entre elas, cerca de 20 mil crianças brasileiras. Centenas de milhares de crianças nascem com HIV todos os anos, quando isso é algo que pode ser evitado, e muitos deles morrem no primeiro dia de nascidos.”
( Dados tirados do site agência para promoção da inclusão )
Cabem a nós pais e às escolas defendermos o direito das crianças à vida e a terem uma infância feliz e protegida, já que tudo conspira para todas estas tragédias com as nossas crianças.
“Se deixarmos de fazer o que precisamos para proteger uma criança, que diferença terá daqueles que as violentam?” (Jefferson Drezett).
7 de set. de 2009
5 de set. de 2009
Vergonhosos Números da Deficiência
Este preconceito está impedindo que segmentos excluídos da população progridam na vida.
É URGENTE que toda a sociedade brasileira se una para lidar com esta questão.
As pessoas com deficiência ainda são invisíveis para a sociedade.
Representam cerca de 10% da população mundial, constituindo a maior das “minorias”.
Muitos ainda acreditam que são cidadãs de segunda classe e que devam ficar segregadas.
OS MAIS EXCLUÍDOS
15% da população do Brasil e em torno de 10% no mundo apresentam algum tipo de deficiência, constituindo a maior das “minorias”.
25% de toda a população mundial são afetados direta ou indiretamente por deficiência. Entre eles os familiares de pessoas com deficiência.
Este número vem aumentando, devido ao crescimento da população, aos avanços da medicina e ao processo de envelhecimento.
DEFICIÊNCIA INTELECTUAL
São os campeões do preconceito, com 98,9% das pessoas querendo se manter longe deles (FIPE 2009).
As pessoas com deficiência intelectual são as mais excluídas e discriminadas e são alvo permanente de abuso e violência.
Representam o menor número de inclusão na escola e no trabalho.
DEFICIÊNCIA E POBREZA
Quanto mais pobre o país, maior o número de pessoas com deficiência. Quanto mais desenvolvido, menor.
Um em cada 5 habitantes mais pobres do mundo tem uma deficiência..
20% dos mais miseráveis do mundo têm deficiência.
82% das pessoas com deficiência vivem com menos de US$ 1 por dia em países em desenvolvimento.
30% dos jovens de rua têm deficiência.
Até 2030 o número de pessoas com deficiência nos países do sul vai crescer 150%, e nos países do norte em 40% (neste caso por envelhecimento).
DEFICIÊNCIA E VIOLÊNCIA
Pessoas com deficiência foram vítimas do extermínio nazista.
Em alguns países, até um quarto das deficiências resultam de lesões e violência.
Mulheres e meninas com deficiência são particularmente vulneráveis e apresentam altos índices de abuso (25%)*.
Em 28 países africanos, mais de 100 milhões de meninas e mulheres têm deficiência em consequência de mutilação genital.
Para cada criança morta em guerra há três sobreviventes feridas ou que adquirem deficiências permanentes.
Jovens negros do Brasil estão sendo mortos ou ficando incapacitados diariamente em função da miséria e exclusão.
DEFICIÊNCIA E SAÚDE
Só 2% das pessoas com deficiência em países em desenvolvimento têm acesso à saúde.
20 milhões de mulheres a cada ano adquirem uma deficiência por complicações na gravidez e no parto.
DEFICIÊNCIA E EDUCAÇÃO
Apenas 1 a 2% das crianças com deficiência nos países em desenvolvimento recebem educação.
DEFICIÊNCIA E TRABALHO
386 milhões de pessoas com deficiência em todo o mundo estão em idade ativa. O desemprego entre eles chega a 90% em alguns países. Muitos empregadores supõem que as pessoas com deficiência sejam incapazes de trabalhar.
Dados: IBGE, ONU, PNUD, OIT, OMS.
agência para promoção da inclusão
(agencia.inclusive@gmail.com)
3 de set. de 2009
Bullying
"Maybe I can´t write a sentence or one word at all,
But does that mean you can push me against the wall?
Maybe I can´t read as good as the rest of the class
But does that mean you have to trip me as I walk past?
Maybe I can´t kick a ball as far as the best,
But does that mean I stand out from the rest?
Maybe I can´t shout as loud as you can,
But does that really make me any less of a man?
Maybe I´m a different colour, a different race,
But does that give you the right to hit my face?
Maybe my glasses make my face look around,
But does that mean to have to throw them to the ground?
Maybe I´m poor, and have no money,
But does that mean you can mock me so your friends think you´re funny?
Maybe I wear clothes by Adidas or Nike,
But does that you give the right to still things I like?
Maybe I´ll never win, and I´ll always lose,
But could you leave me alone? Do I get to choose?
Maybe you don´t care if I´m alive or dead,
But you won´t be the one visiting a hospital bed.
If there was only one thing that I wish would sink into your head,
We are all the same. We all bleed red... " (Anthony Kisley)
Poema sobre a Opressão - Todos temos sangue vermelho
"Talvez eu não consiga escrever uma frase, ou mesmo uma palavra,
Mas isso significa que você pode me empurrar contra a parede?
Talvez eu não consiga ler tão bem quanto o restante da classe,
Mas isso significa que você tem de me fazer tropeçar quando estou passando?
Talvez eu não consiga chutar a bola tão longe quanto o melhor,
Mas isso significa que sou diferente dos demais?
Talvez não consiga gritar tão alto quanto voce,
Mas isso me torna menos homem?
Talvez eu seja de uma outra cor, de uma raça diferente,
Mas isso lhe dá o direito de me bater no rosto?
Talvez meus óculos façam meu rosto parecer redondo,
Mas isso quer dizer que voce deve atirá-los no chão?
Talvez eu seja pobre, e não tenha dinheiro algum,
Mas isso quer dizer que você pode me ridicularizar para que seus amigos o achem engraçado?
Talvez eu vista roupas Adidas ou Nike,
Mas isso lhe dá o direito de roubar as coisas de que gosto?
Talvez eu nunca venha a vencer, e seja sempre um perdedor,
Mas você pode me deixar em paz? Posso escolher?
Talvez voce não se importe se estou vivo ou morto,
Mas voce não irá visitar uma cama de hospital.
Se eu pudesse escolher uma única coisa para entrar na sua cabeça seria isto:
Somos todos iguais. todos temos sangue vermelho... - we all bleed red..."
1 de set. de 2009
Educaçao Inclusiva
A Educação é um processo tanto de desenvolvimento de potencialidades dos indivíduos como de preparação para a vida social, de maneira consciente e crítica, através do diálogo, num trabalho humnizador entre o homem e a natureza. A educação inclusiva é um caminho para a formação de cidadãos conscientes e críticos, mas que os tornam capazes de conviver com e compreender o outro, mesmo com suas limitações. É um processo contínuo de aperfeiçoamento do ser humano, cujo objetivo é a busca da felicidade, da harmonia e do equilíbrio nas relações com o outro.
A escola inclusiva não faz distinção entre seres humanos. Não diferencia seus alunos como “perfeitos e não perfeitos”, “normais e anormais” e nem mesmo como “crianças especiais”. Toda criança é especial! A escola deve proporcionar uma educação voltada para todos, de forma que todos os alunos, independente de alguns terem necessidades especiais, tenham condição de conhecer, aprender e viver num ambiente livre de preconceitos, que estimule suas potencialidades e sua autonomia.
A nossa sociedade tem como ascensão social a leitura escrita e oral. Por isto muitas mães de crianças com necessidades especiais dão tanta importância para a alfabetização. Precisamos quebrar este conceito social, explorando outras possibilidades para a criança que não consegue ser alfabetizada.
Existem funções na sociedade que não precisam da leitura escrita ou oral e devem ser exploradas pelo educador. O aluno com necessidades especiais tem o direito de interagir com os demais e vice-versa, para que ambos aprendam a lidar com as diferenças. Este aprendizado, por si só, já vale por todos os outros.
Muitas vezes a escola vê muitas dificuldades em se adaptarem para receberem crianças com deficiências e fazem de coisas tão simples, grandes obstáculos. Toda escola deve se organizar a começar por seu próprio espaço físico e acomodações. Salas de aula, bibliotecas, pátio, banheiros, corredores e outros ambientes. É obrigação do governo e da sociedade tornar este sonho, uma realidade concreta. Além das mudanças no espaço físico da escola, a principal mudança deve acontecer na formação de toda a equipe da escola, preparando todos os funcionários para lidarem com as diferenças com respeito e afetividade.
Educação infantil não é impor algo e sim entender o que cada criança precisa e estimular sua capacidade de aprender. Antes de ensinar, pode se aprender com a criança, principalmente se ela tiver necessidade de cuidados especiais. Ela mesma mostra o caminho. A educação infantil é um processo de troca. Antes de impor qualquer metodologia de ensino ou alfabetização, precisamos aprender com a criança. Devemos saber o que a criança precisa para que possamos colaborar no seu desenvolvimento da melhor forma possível.
Mais do que isso, se mergulharmos na simplicidade e honestidade de uma criança, podemos enxergar mais claramente os desafios e traçar metas mais audaciosas para a pedagogia. Não devemos deixar que essas qualidades ímpares se corrompam com a sociedade. Ao contrário, devemos transformar a educação de forma a potencializar essas qualidades em prol de uma sociedade mais justa, democrática e isonômica, onde não haja preconceito e sim onde aprendamos com as diferenças Uma sociedade pautada pelo respeito às diferenças e pelo que podemos aprender e aprimorar com elas.
A inclusão social é um tema de grande importância para a nossa educação, principalmente para a educação infantil que é a base de tudo. Ainda tenho muito que estudar e aprender. Recomendo este artigo que nos fala de uma maneira clara e objetiva sobre o assunto:
http://educacaodialogica.blogspot.com/2009/05/o-que-e-inclusao-social.html
Maria Helena Andrade do Vale
30 de ago. de 2009
Educar por Rubem Alves
“Educar é mostrar a vida a quem ainda não a viu. O educador diz: “Veja!” - e, ao falar, aponta. O aluno olha na direção apontada e vê o que nunca viu. Seu mundo se expande. Ele fica mais rico interiormente..E, ficando mais rico interiormente, ele pode sentir mais alegria e dar mais alegria – que é a razão pela qual vivemos.”
“Já li muitos livros sobre psicologia da educação, sociologia da educação, filosofia da educação – mas, por mais que me esforce, não consigo me lembrar de qualquer referência à educação do olhar ou à importância do olhar na educação, em qualquer deles.”
“A primeira tarefa da educação é ensinar a ver...É através dos olhos que as crianças tomam contato com a beleza e o fascínio do mundo..Os olhos têm de ser educados para que nossa alegria aumente.”
“A educação se divide em duas partes: educação das habilidades e educação das sensibilidades...Sem a educação das sensibilidades, todas as habilidades são tolas e sem sentido.”
“Os conhecimentos nos dão meios para viver. A sabedoria nos dá razões para viver.”
“Quero ensinar as crianças. Elas ainda têm olhos encantados. Seus olhos são dotados daquela qualidade que, para os gregos, era o início do pensamento:...”
“... a capacidade de se assombrar diante do banal. Para as crianças, tudo é espantoso: um ovo, uma minhoca, uma concha de caramujo, o vôo dos urubus, os pulos dos gafanhotos, uma pipa no céu, um pião na terra. Coisas que os eruditos não vêem. ”
“Na escola eu aprendi complicadas classificações botânicas, taxonomias, nomes latinos – mas esqueci. Mas nenhum professor jamais chamou a minha atenção para a beleza de uma árvore... Ou para o curioso das simetrias das folhas.”
“Parece que, naquele tempo, as escolas estavam mais preocupadas em fazer com que os alunos decorassem palavras que com a realidade para a qual elas apontam. As palavras só têm sentido se nos ajudam a ver o mundo melhor. Aprendemos palavras para melhorar os olhos. As palavras só têm sentido se nos ajudam a ver o mundo melhor. “
“O ato de ver não é coisa natural. Precisa ser aprendido. Há muitas pessoas de visão perfeita que nada vêem...
Quando a gente abre os olhos, abrem-se as janelas do corpo, e o mundo aparece refletido dentro da gente.”
“São as crianças que, sem falar, nos ensinam as razões para viver. Elas não têm saberes a transmitir. No entanto, elas sabem o essencial da vida.”
“Quem não muda sua maneira adulta de ver e sentir e não se torna como criança jamais será sábio.”
Rubem Alves
Rubem Alves – Nasceu em 15 de setembro de 1933, em Boa Esperança, Minas Gerais. Mestre em Teologia, Doutor em Filosofia, psicanalista e professor emérito da Unicamp. Tem três filhos e cinco netas. Poeta, cronista do cotidiano, contador de histórias, um dos mais admirados e respeitados intelectuais do Brasil.
“As crianças não têm idéias religiosas, mas têm experiências místicas. Experiência mística não é ver seres de outro mundo. É ver este mundo iluminado pela beleza.”
27 de ago. de 2009
O SAL DA TERRA
O SAL DA TERRA
Composição: Beto Guedes - Ronaldo Bastos
Vamos precisar de todo mundo (multiprofissionais)
Um mais um é sempre mais que dois. Prá melhor juntar as nossas forças ( alunos, professores, coordenadores, diretores, pais, comunidade)
É só repartir melhor o pão. Anda, quero te dizer nenhum segredo
Falo desse chão da nossa casa ( nossa escola)
Vem que ta na hora de arrumar.
Tempo, quero viver mais duzentos anos ( ensinar é um exercício de imortalidade)
Quero não ferir meu semelhante, nem por isso quero me ferir (o poder das palavras)
Vamos precisar de todo mundo pra banir do mundo a opressão ( família, escola, sociedade)
Pra construir a vida nova ( escola nova)
Vamos precisar de muito amor, a felicidade mora ao lado
E quem não é tolo pode ver a paz na terra, amor
O pé na terra. A paz na terra amor. O sal da terra. ( escola)
És o mais bonito dos planetas, tão te maltratando por dinheiro
Tu que és a nave, nossa irmã. Canta, leva tua vida em harmonia
E nos alimenta com teus frutos ( conhecimentos)
Tu que és do homem a maçã.
Vamos precisar de todo mundo. Um mais um é sempre mais que dois.
Prá melhor juntar as nossas forças.
É só repartir melhor o pão ( repartir as funções)
Recriar o paraíso agora ( Ensinar e Aprender através das Novas Tecnologias)
Pra merecer quem vem depois...
Nas escolas devemos: Deixar nascer o amor, deixar fluir o amor, deixar crescer o amor, deixar viver o amor. O sal da terra ( O sal da escola)
( Vós sois o sal da terra. Se o sal perder o sabor, com que lhe será restituído o sabor? Para nada mais serve senão para ser lançado fora... ( Mateus 5,13)
Somos educadores, somos sal da terra na escola, devemos dar sabor na nossa função, para que nossos alunos se alimentem de autonomia, solidariedade , responsabilidade, habilidades e competências...
Profª Maria Angela de Oliveira Oliveira - Professora de Matemática
18 de ago. de 2009
Aprender com as Diferenças
A deficiência intelectual em indivíduos com síndrome de Down é consequência de privação cultural, não uma determinação genética
Quando nasce uma pessoa com trissomia do cromossomo 21, o fenótipo característico (crânio com diminuição do diâmetro ântero-posterior, pregas epicantais, falanges curtas, espaços alargados entre primeiro e segundo dedos, e outros achados) geralmente leva ao diagnóstico de Síndrome de Down. Ao momento em que o fato é comunicado aos pais, predições prognósticas pessimistas em relação ao desenvolvimento intelectual e saúde em geral são incluídas na informação oferecida.
A nossa proposição é a de que o “retardo mental moderado a severo”, geralmente incluído nas descrições médicas da síndrome não é determinado pela estrutura genética da pessoa trissômica, mas é produto da privação cultural.
Esta proposição é bem suportada por três linhas de evidência, que serão apresentadas em sequência. Primeiro, será mostrado que os indivíduos com síndrome de Down são geralmente expostos a uma educação sem significado, culturalmente vazia, que impede o desenvolvimento de processos psicológicos superiores. Segundo, será demonstrado que o desenvolvimento dos processos psicológicos superiores são dependentes de um contexto culturalmente rico. Na visão de Vigotski, esses processos psicológicos representam a aquisição pelo indivíduo das ferramentas culturais. Terceiro, será mostrado que as mudanças de atitude em relação as pessoas com síndrome de Down realmente propriciam resultados antes impensáveis em seu desenvolvimento cognitivo.
Pessoas com síndrome de Down são geralmente expostas a um contexto culturalmente pobre. A síndrome de Down pode ser diagnosticada tanto no período pré-natal, como após o nascimento. Reações das mães (e também dos pais) à notícia são mais frequentemente negativas do que positivas e a aceitação da criança e o vínculo entre mãe e filho ou filha pode demorar a se estabelecer (Skotko, 2005 - DOI: 10.1542/peds.2004-0928 – http://pediatrics.aappublications.org/cgi/reprint/115/1/64)
Gil Pena
Para saber mais, acesse o Blog Disdeficiência: http://blog.disdeficiencia.net/2009/07/05/a-deficiencia-intelectual-em-individuos-com-sindrome-de-down-e-consequencia-de-privacao-cultural-nao-uma-determinacao-genetica/
Quando a pediatra veio falar comigo fiquei tão feliz e pensei que fosse ouvir palavras lindas sobre minha pequena. Ela começou o discurso: "A senhora fique sabendo que sua filha não é uma criança como as outras. Ela só vai andar com mais de três anos, vai repetir o pré muitas vezes, vai demorar pra falar..." Naquele momento não sentia meu próprio corpo, pensei que morria, mas era Deus que me levou pra longe para não ouvir aquela sentença.
Minha filha voltou para Deus com um ano e cinco meses falando mamã, papá, nenê, vovó, dando os primeiros passos e aprendendo tudo que ensinávamos...
Ouvir isso de pessoas sem conhecimentos é tolerável, mas ouvir isso de uma profissional, pediatra, está difícil de esquecer! Quem sabe um dia eu a convide pra visitar a APAE de Uberaba para que ela fique sabendo do que o Ser Humano é capaz!!!
13 de ago. de 2009
Bullyng no contexto escolar
O ambiente parece normal para você? Então leia esta reportagem com atenção. O nome dado a essas brincadeiras de mau gosto, disfarçadas por um duvidoso senso de humor, é bullying. O termo ainda não tem uma denominação em português , mas é usado quando crianças e adolescentes recebem apelidos que os ridicularizam e sofrem humilhações, ameaças, intimidação, roubo e agressão moral e física por parte dos colegas. Entre as conseqüências estão o isolamento e a queda do rendimento escolar. Em alguns casos extremos, o bullying pode afetar o estado emocional do jovem de tal maneira que ele opte por soluções trágicas, como o suicídio.
Pesquisa realizada em 11 escolas cariocas pela Associação Brasileira Multiprofissional de Proteção à Infância e à Adolescência (Abrapia), no Rio de Janeiro, revelou que 60,2% dos casos acontecem em sala de aula. Daí a importância da sua intervenção. Mudar a cultura perversa da humilhação e da perseguição na escola está ao seu alcance. Para isso, é preciso identificar o bullying e saber como evitá-lo.(novaescola@atleitor.com.br)
Fenômeno bullying
Como prevenir a violência nas escolas e educar para a paz
Cleo Fante
Autora
A brasileira Cleo Fante é educadora, pesquisadora, conferencista, escritora e doutoranda em Ciências da Educação pela Universidade de Ilhas Baleares, Espanha.
Desde 2000 vem pesquisando a questão da violência nas escolas, dedicando-se especialmente ao estudo do fenômeno bullying.
Apaixonada pela causa da educação e consciente de que é nos primeiros anos escolares que podem surgir os traumas que se originam na violência sofrida tanto em casa como na escola, a autora enfatiza a necessidade de resgatar a saúde emocional da criança o mais cedo possível. Foi assim que, propondo-se um trabalho voluntário nas escolas, idealizou o programa Educar para a Paz – projeto inteligente, criativo e eficaz, já aplicado em algumas escolas e altamente recomendado em razão dos excelentes e animadores resultados. Atualmente coordena um curso de pós-graduação em fenômeno bullying com abordagem psicanalítica na prevenção da violência escolar, ministra cursos de capacitação para uma educação voltada para a paz e palestras e conferências sobre o fenômeno bullying, além de escrever artigos para veículos diversos.
Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade
O Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) é um transtorno neurobiológico, de causas genéticas, que aparece na infância e freqüentemente acompanha o indivíduo por toda a sua vida. Ele se caracteriza por sintomas de desatenção, inquietude e impulsividade. Ele é chamado às vezes de DDA (Distúrbio do Déficit de Atenção). Em inglês, também é chamado de ADD, ADHD ou de AD/HD.
Existe mesmo o TDAH?
Ele é reconhecido oficialmente por vários países e pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Em alguns países, como nos Estados Unidos, portadores de TDAH são protegidos pela lei quanto a receberem tratamento diferenciado na escola.
Minha Vida
Ele era uma criança levada, que não parava no lugar e não se concentrava em nada. Diziam que ele era hiperativo, mas pera aí? Como podia ser hiperativo uma criança que ao jogar videogame ou assistir um jogo do Flamengo na televisão ficava horas e horas parada sem ao menos piscar os olhos?
"Mal educado!!!!" " Sem limites!!!!" "Capeta!!!!" "Disperso!!!!" "Louco!!!" eram frases que ele comumente ouvia.
Ele sofria com isso, porém, sempre se considerou como os outros, pois tinha uma vida parecida com a dos seus amigos, mesmos hábitos, costumes, cultura, mas sempre fazendo as coisas muitas vezes sem pensar. Mesmo assim, ele não era somente defeitos, assim como perdia amigos facilmente, os recuperava com seu carisma e sua inteligência.
Inteligência que incomodava a muitos, pois não o viam estudar muito, se empenhar e mesmo assim colher como frutos, bons resultados... "Mas pera aí, ele nunca pode ser um bom aluno!" "Ele só pode estar colando".
Eis então que ele cresceu, a criança hiperativa mal educada virou um jovem. Ele, agora mais velho, continuava tendo muitos amigos, saía, se divertia e jogava muito bem futebol, algo em que definitivamente se concentrava e parecia até uma pessoa "normal"; ele era o capitão de seu time da escola, exercia toda sua liderança em quadra e se orgulhava muito disso.
Na sala de aula, parecia que sua liderança se tornava algo negativo, o fazia não ter forças para estudar, para prestar atenção, atrapalhava a turma, desconcentrava os professores e criava muitas inimizades. Inimizades essas que não acreditavam como ele podia obter bons resultados. E as vitimas de sua tenebrosa atitude sem limites? Ele não pode corresponder às expectativas.
Ele era o capitão do time, ele era querido.....
Ele era um menino problema; em sala de aula, ele era odiado.
Como sua vida não era feita só de futebol, ele foi campeão no campo, e foi derrotado fora dele; foi perseguido como um bandido sem direito a legítima defesa, afinal foi pego várias vezes em flagrante, com sua maligna hiperatividade e sua temível impulsividade.
Orgulhosamente, foi lhe dado o veredicto final, como um juiz que dá uma sentença a um réu, sua reprovação em matemática foi ovacionada pelos guardiões da boa conduta e da paz escolar, e sua conseqüente saída da escola como um início de um novo ciclo de alegria, sem ele, aquele menino, que jogava bem futebol, mas somente isso.
Ele chorou, perdeu seus amigos, sua escola, mas mais do que tudo isso, perdeu sua auto-confiança.
Ele já estava se tornando um adulto, e por meios do destino sua mãe conheceu um médico que tratava de um tal “déficit de atenção”. Seria tão somente o 445º tipo de tratamento para curar aquele garoto-problema, algo que até o mesmo já estava praticamente convencido que era.
Mandaram-lhe tomar Ritalina, um remédio ruim, que tira fome, e que lhe daria mais atenção e blá blá blá !!! Algo que ele já estava cansado de ouvir. Ele tomou a medicação sem crença nenhuma naquilo.
E o tempo foi passando, ele vivendo sua vida, em uma nova escola, procurando seu lugar no time de futebol do colégio...
Em 4 anos ele se tornou capitão do time. E mais, foi campeão vencendo a sua ex-escola; se formou como um dos melhores alunos da turma, passou para a faculdade que queria, tirando nota 10 na prova de matemática, a matéria que o fez passar um dos seus piores momentos ao ser reprovado.
Hoje ele está na faculdade. Ele ainda tem muito o que viver, com seu jeito hiperativo, desatento, mas agora controlado, sem deixar de ser ele mesmo. Ele vai vivendo, com o intuito de um dia poder mostrar que não era um bandido, um mal educado, nem um “sem limites”; era apenas uma pessoa diferente e, como todas outras pessoas diferentes, pode e deu certo na vida.
Hoje ele é feliz, tem uma namorada, estuda o que gosta, tem muitos amigos, sua família se orgulha dele e, acima de tudo, ele próprio sabe o que tem e vive feliz com a sua realidade.
Ele deseja que o que ele sofreu, outras pessoas não sofram um dia.
Ele?
Sou eu...
Beto
Contato através de betok@tdah.org.br
27 de jul. de 2009
E.U.A Assina Convenção dos Direitos das Pessoas com Deficiência.
por Patricia Almeida, de Nova York
Na presença da Secretária de Estado Hillary Clinton, e de lideranças americanas com deficiência, o Presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, anunciou ontem que o país vai assinar a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência.
Obama qualificou a Convenção, o primeiro tratado internacional do século XXI, de um documento “extraordinário”.
Em seu discurso, o Presidente norte-americano disse que está orgulhoso do progresso feito no país, mas não vai ficar satisfeito até que todo americano com deficiência esteja estudando na escola mais perto de sua casa da maneira que for melhor para ele.
O Presidente disse que se lembra das pessoas com deficiência todos os dias, ao passar pela rampa construída para a cadeira de rodas do Presidente Franklin Roosevelt. Naquela época, disse ele, medo e preconceito com relação às pessoas com deficiência era a norma, mas a maioria dos americanos nem sabiam que o Presidente Roosevelt tinha uma deficiência. Isso quer dizer, completou, que a maioria dos americanos também não sabiam que a deficiência de Roosevelt não prejudicou sua habilidade de recuperar o país. Roosevelt governou os EUA, enfrentando os efeitos da grande recessão e a Segunda Guerra Mundial durantte 4 mandatos. Faleceu no cargo no último deles.
Ele lembrou ainda de seu sogro, Fraser Robinson, já falecido, diagnosticado com esclerose múltipla na década de 1930. Segndo o Presidente, ele nunca reclamou, nunca buscou tratamento especial e nunca perdeu um dia de trabalho, embora precisasse usar duas bengalas para se locomover. Robinson, disse Obama, fez tudo isso e mais, antes da legislação americana, ADA (Americans with Disabilities Act) existir, um dos herós silenciosos que mostraam que pessoas com deficiência podem contribuir integralmente para sociedade, apesar da falta de reconhecimento dos outros.
O ato foi realizado no aniversário de 19 anos da ADA. O Presidente instruiu a Embaixadora dos EUA junto à ONU a assinar o documento. O tratado precisa ainda ser ratificado pelo Senado americano. 140 países já assinaram a Convenção. O Brasil está entre os 60 países que já ratificaram o documento. O tratado, que é válido no país desde agosto de 2008, foi o primeiro a ganhar status constitucional no país.
14 de jul. de 2009
REFERENCIAL CURRICULAR NACIONAL PARA A EDUCAÇÃO INFANTIL
NACIONAL PARA A
EDUCAÇÃO INFANTIL
EDUCAR CRIANÇAS COM NECESSIDADES ESPECIAIS
As pessoas que apresentam necessidades especiais (portadores de deficiência mental, auditiva, visual, física e deficiência múltipla, e portadores de altas habilidades) representam 10% da população brasileira e possuem, em sua grande maioria, uma vasta experiência de exclusão que se traduz em grandes limitações nas possibilidades de convívio social e usufruto dos equipamentos sociais (menos de 3% têm acesso a algum tipo de atendimento), além de serem submetidas a diversos tipos de discriminação.
Uma ação educativa comprometida com a cidadania e com a formação de uma sociedade democrática e não excludente deve, necessariamente, promover o convívio com a diversidade, que é marca da vida social brasileira. Essa diversidade inclui não somente as diversas culturas, os hábitos, os costumes, mas também as competências, as particularidades de cada um. Aprender a conviver e relacionar-se com pessoas que possuem habilidades e competências diferentes, que possuem expressões culturais e marcas sociais próprias, é condição necessária para o desenvolvimento de valores éticos, como a dignidade do ser humano, o respeito ao outro, a igualdade e a equidade e a solidariedade. A criança que conviver com a diversidade nas instituições educativas, poderá aprender muito com ela. Pelo lado das crianças que apresentam necessidades especiais, o convívio com as outras crianças se torna benéfico na medida em que representa uma inserção de fato no universo social e favorece o desenvolvimento e a aprendizagem, permitindo a formação de vínculos estimuladores, o confronto com a diferença
e o trabalho com a própria dificuldade.
Os avanços no pensamento sociológico, filosófico e legalvêm exigindo, por parte do sistema educacional brasileiro, o abandono de práticas segregacionistas que, ao longo da história,
A Educação Especial, termo cunhado para a educação dirigida aos portadores de deficiência, de condutas típicas e de altas habilidades, é considerada pela Constituição brasileira, como parte inseparável do direito à educação. A posição da UNESCO, considera a educação especial como uma forma enriquecida de educação em geral, que deve contribuir para a integração na sociedade dos portadores de deficiência, de condutas típicas e de altas habilidades. O Estatuto da Criança e do Adolescente, em seu art. 54, III, afirma que: “É dever do estado assegurar à criança e ao adolescente (...) atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência,
preferencialmente na rede regular de ensino”. O MEC desenvolve, por intermédio de sua Secretaria de Educação Especial (SEESP) uma política visando à integração das crianças
portadoras de necessidades especiais ao sistema de ensino, propondo a inclusão destas crianças nas instituições de educação infantil.
No mundo inteiro tem se observado iniciativas no sentido da inclusão cada vez maior das crianças com necessidades especiais nos mais diversos espaços sociais, o que culmina hoje com a Declaração de Salamanca, de princípios, política e prática das necessidades educativas especiais. Este documento se inspira “no princípio de integração e no reconhecimento da necessidade de ação para conseguir escola para todos, isto é, escolas que incluam todo mundo e conheçam as diferenças, promovam a aprendizagem e atendam as necessidades de cada um”. A realidade brasileira, de uma forma geral, exige que se busque alternativas para a integração do portador de deficiência, de maneira a garantir-lhe uma convivência participativa.
A Escola Inclusiva é uma tendência internacional deste final de século. É considerada Escola Inclusiva aquela que abre espaço para todas as crianças, abrangendo aquelas com necessidades especiais. O principal desafio da Escola Inclusiva é desenvolver uma pedagogia centrada na criança, capaz de educar a todas, sem discriminação, respeitando suas diferenças; uma escola que dê conta da diversidade das crianças e ofereça respostas adequadas às suas características e necessidades, solicitando apoio de instituições e especialistas quando isso se fizer necessário. É uma meta a ser perseguida por todos aqueles comprometidos com o fortalecimento de uma sociedade democrática, justa e solidária.
As alternativas de atendimento educacional às crianças que apresentam necessidades educativas especiais, no Brasil, vão desde o atendimento em instituições especializadas até a completa integração nas várias instituições de educação. A qualidade do processo de integração depende da estrutura organizacional da instituição, pressupondo propostas que considerem:
• grau de deficiência e as potencialidades de cada criança;
• idade cronológica;
• disponibilidade de recursos humanos e materiais existentes na comunidade;
• condições socioeconômicas e culturais da região;
• estágio de desenvolvimento dos serviços de educação especialjá implantado nas unidades federadas.
Para que o processo de integração dessas crianças possa acontecer de fato, há que se envolver toda a comunidade, de forma a que o trabalho desenvolvido tenha sustentação. É preciso considerar este trabalho como parte do projeto educativo da instituição.
13 de jul. de 2009
Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996.
Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
CAPÍTULO V
Da Educação Especial
Art. 58. Entende-se por educação especial, para os efeitos desta Lei, a modalidade de educação escolar, oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, para educandos portadores de necessidades especiais.
§ 1º. Haverá, quando necessário, serviços de apoio especializado, na escola regular, para atender às peculiaridades da clientela de educação especial.
§ 2º. O atendimento educacional será feito em classes, escolas ou serviços especializados, sempre que, em função das condições específicas dos alunos, não for possível a sua integração nas classes comuns de ensino regular.
§ 3º. A oferta de educação especial, dever constitucional do Estado, tem início na faixa etária de zero a seis anos, durante a educação infantil.
Art. 59. Os sistemas de ensino assegurarão aos educandos com necessidades especiais:
I - currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organização específicos, para atender às suas necessidades;
II - terminalidade específica para aqueles que não puderem atingir o nível exigido para a conclusão do ensino fundamental, em virtude de suas deficiências, e aceleração para concluir em menor tempo o programa escolar para os superdotados;
III - professores com especialização adequada em nível médio ou superior, para atendimento especializado, bem como professores do ensino regular capacitados para a integração desses educandos nas classes comuns;
IV - educação especial para o trabalho, visando a sua efetiva integração na vida em sociedade, inclusive condições adequadas para os que não revelarem capacidade de inserção no trabalho competitivo, mediante articulação com os órgãos oficiais afins, bem como para aqueles que apresentam uma habilidade superior nas áreas artística, intelectual ou psicomotora;
V - acesso igualitário aos benefícios dos programas sociais suplementares disponíveis para o respectivo nível do ensino regular.
Art. 60. Os órgãos normativos dos sistemas de ensino estabelecerão critérios de caracterização das instituições privadas sem fins lucrativos, especializadas e com atuação exclusiva em educação especial, para fins de apoio técnico e financeiro pelo Poder Público.
Parágrafo único. O Poder Público adotará, como alternativa preferencial, a ampliação do atendimento aos educandos com necessidades especiais na própria rede pública regular de ensino, independentemente do apoio às instituições previstas neste artigo.