30 de ago. de 2009

Educar por Rubem Alves

- Educar –

“Educar é mostrar a vida a quem ainda não a viu. O educador diz: “Veja!” - e, ao falar, aponta. O aluno olha na direção apontada e vê o que nunca viu. Seu mundo se expande. Ele fica mais rico interiormente..E, ficando mais rico interiormente, ele pode sentir mais alegria e dar mais alegria – que é a razão pela qual vivemos.”


“Já li muitos livros sobre psicologia da educação, sociologia da educação, filosofia da educação – mas, por mais que me esforce, não consigo me lembrar de qualquer referência à educação do olhar ou à importância do olhar na educação, em qualquer deles.”


“A primeira tarefa da educação é ensinar a ver...É através dos olhos que as crianças tomam contato com a beleza e o fascínio do mundo..Os olhos têm de ser educados para que nossa alegria aumente.”


“A educação se divide em duas partes: educação das habilidades e educação das sensibilidades...Sem a educação das sensibilidades, todas as habilidades são tolas e sem sentido.”


“Os conhecimentos nos dão meios para viver. A sabedoria nos dá razões para viver.”


“Quero ensinar as crianças. Elas ainda têm olhos encantados. Seus olhos são dotados daquela qualidade que, para os gregos, era o início do pensamento:...”


“... a capacidade de se assombrar diante do banal. Para as crianças, tudo é espantoso: um ovo, uma minhoca, uma concha de caramujo, o vôo dos urubus, os pulos dos gafanhotos, uma pipa no céu, um pião na terra. Coisas que os eruditos não vêem. ”


“Na escola eu aprendi complicadas classificações botânicas, taxonomias, nomes latinos – mas esqueci. Mas nenhum professor jamais chamou a minha atenção para a beleza de uma árvore... Ou para o curioso das simetrias das folhas.”


“Parece que, naquele tempo, as escolas estavam mais preocupadas em fazer com que os alunos decorassem palavras que com a realidade para a qual elas apontam. As palavras só têm sentido se nos ajudam a ver o mundo melhor. Aprendemos palavras para melhorar os olhos. As palavras só têm sentido se nos ajudam a ver o mundo melhor. “


“O ato de ver não é coisa natural. Precisa ser aprendido. Há muitas pessoas de visão perfeita que nada vêem...

Quando a gente abre os olhos, abrem-se as janelas do corpo, e o mundo aparece refletido dentro da gente.”


“São as crianças que, sem falar, nos ensinam as razões para viver. Elas não têm saberes a transmitir. No entanto, elas sabem o essencial da vida.”


“Quem não muda sua maneira adulta de ver e sentir e não se torna como criança jamais será sábio.”


Rubem Alves


Rubem Alves – Nasceu em 15 de setembro de 1933, em Boa Esperança, Minas Gerais. Mestre em Teologia, Doutor em Filosofia, psicanalista e professor emérito da Unicamp. Tem três filhos e cinco netas. Poeta, cronista do cotidiano, contador de histórias, um dos mais admirados e respeitados intelectuais do Brasil.


“As crianças não têm idéias religiosas, mas têm experiências místicas. Experiência mística não é ver seres de outro mundo. É ver este mundo iluminado pela beleza.”

27 de ago. de 2009

O SAL DA TERRA

"Precisamos dar um novo sabor a educação, somos convidados a ser SAL DA ESCOLA e para isso:

O SAL DA TERRA
Composição: Beto Guedes - Ronaldo Bastos

Vamos precisar de todo mundo (multiprofissionais)
Um mais um é sempre mais que dois. Prá melhor juntar as nossas forças ( alunos, professores, coordenadores, diretores, pais, comunidade)
É só repartir melhor o pão. Anda, quero te dizer nenhum segredo
Falo desse chão da nossa casa ( nossa escola)
Vem que ta na hora de arrumar.
Tempo, quero viver mais duzentos anos ( ensinar é um exercício de imortalidade)
Quero não ferir meu semelhante, nem por isso quero me ferir (o poder das palavras)
Vamos precisar de todo mundo pra banir do mundo a opressão ( família, escola, sociedade)
Pra construir a vida nova ( escola nova)
Vamos precisar de muito amor, a felicidade mora ao lado
E quem não é tolo pode ver a paz na terra, amor
O pé na terra. A paz na terra amor. O sal da terra. ( escola)
És o mais bonito dos planetas, tão te maltratando por dinheiro
Tu que és a nave, nossa irmã. Canta, leva tua vida em harmonia
E nos alimenta com teus frutos ( conhecimentos)
Tu que és do homem a maçã.
Vamos precisar de todo mundo. Um mais um é sempre mais que dois.
Prá melhor juntar as nossas forças.
É só repartir melhor o pão ( repartir as funções)
Recriar o paraíso agora ( Ensinar e Aprender através das Novas Tecnologias)
Pra merecer quem vem depois...

Nas escolas devemos: Deixar nascer o amor, deixar fluir o amor, deixar crescer o amor, deixar viver o amor. O sal da terra ( O sal da escola)

( Vós sois o sal da terra. Se o sal perder o sabor, com que lhe será restituído o sabor? Para nada mais serve senão para ser lançado fora... ( Mateus 5,13)

Somos educadores, somos sal da terra na escola, devemos dar sabor na nossa função, para que nossos alunos se alimentem de autonomia, solidariedade , responsabilidade, habilidades e competências...
Sentir orgulho de ser professor é dar um novo sabor a educação."

Profª Maria Angela de Oliveira Oliveira - Professora de Matemática

18 de ago. de 2009

Aprender com as Diferenças


Deficiência intelectual e a Síndrome de Down


A deficiência intelectual em indivíduos com síndrome de Down é consequência de privação cultural, não uma determinação genética

Quando nasce uma pessoa com trissomia do cromossomo 21, o fenótipo característico (crânio com diminuição do diâmetro ântero-posterior, pregas epicantais, falanges curtas, espaços alargados entre primeiro e segundo dedos, e outros achados) geralmente leva ao diagnóstico de Síndrome de Down. Ao momento em que o fato é comunicado aos pais, predições prognósticas pessimistas em relação ao desenvolvimento intelectual e saúde em geral são incluídas na informação oferecida.

A nossa proposição é a de que o “retardo mental moderado a severo”, geralmente incluído nas descrições médicas da síndrome não é determinado pela estrutura genética da pessoa trissômica, mas é produto da privação cultural.

Esta proposição é bem suportada por três linhas de evidência, que serão apresentadas em sequência. Primeiro, será mostrado que os indivíduos com síndrome de Down são geralmente expostos a uma educação sem significado, culturalmente vazia, que impede o desenvolvimento de processos psicológicos superiores. Segundo, será demonstrado que o desenvolvimento dos processos psicológicos superiores são dependentes de um contexto culturalmente rico. Na visão de Vigotski, esses processos psicológicos representam a aquisição pelo indivíduo das ferramentas culturais. Terceiro, será mostrado que as mudanças de atitude em relação as pessoas com síndrome de Down realmente propriciam resultados antes impensáveis em seu desenvolvimento cognitivo.

Pessoas com síndrome de Down são geralmente expostas a um contexto culturalmente pobre. A síndrome de Down pode ser diagnosticada tanto no período pré-natal, como após o nascimento. Reações das mães (e também dos pais) à notícia são mais frequentemente negativas do que positivas e a aceitação da criança e o vínculo entre mãe e filho ou filha pode demorar a se estabelecer (Skotko, 2005 - DOI: 10.1542/peds.2004-0928 – http://pediatrics.aappublications.org/cgi/reprint/115/1/64)

Gil Pena

Para saber mais, acesse o Blog Disdeficiência: http://blog.disdeficiencia.net/2009/07/05/a-deficiencia-intelectual-em-individuos-com-sindrome-de-down-e-consequencia-de-privacao-cultural-nao-uma-determinacao-genetica/


Entre tantas frases que ouvi, quando a Maria Júlia nasceu, uma me entristece muito. Minha filhinha nasceu com síndrome de Down, o que não foi uma surpresa. No segundo mês de gestação, por um exame de ultra som já fiquei sabendo da trissomia 21. Minha filha foi gerada com o maior amor do mundo e apesar de tantas preocupações, medos e insegurança superei tudo isto e a Maria Júlia nasceu linda, desenhada por Deus especialmente pra mim.
Quando a pediatra veio falar comigo fiquei tão feliz e pensei que fosse ouvir palavras lindas sobre minha pequena. Ela começou o discurso: "A senhora fique sabendo que sua filha não é uma criança como as outras. Ela só vai andar com mais de três anos, vai repetir o pré muitas vezes, vai demorar pra falar..." Naquele momento não sentia meu próprio corpo, pensei que morria, mas era Deus que me levou pra longe para não ouvir aquela sentença.
Minha filha voltou para Deus com um ano e cinco meses falando mamã, papá, nenê, vovó, dando os primeiros passos e aprendendo tudo que ensinávamos...
Ouvir isso de pessoas sem conhecimentos é tolerável, mas ouvir isso de uma profissional, pediatra, está difícil de esquecer! Quem sabe um dia eu a convide pra visitar a APAE de Uberaba para que ela fique sabendo do que o Ser Humano é capaz!!!

13 de ago. de 2009

Bullyng no contexto escolar

Brincadeiras que machucam a alma

A criançada entra na sala eufórica. Você se acomoda na mesa enquanto espera que os alunos se sentem, retirem o material da mochila e se acalmem para a aula começar. Nesse meio tempo, um deles grita bem alto: "Ô, cabeção, passa o livro!" O outro responde: "Peraí, espinha". Em outro canto da sala, um garoto dá um tapinha, "de leve", na nuca do colega. A menina toda produzida logo pela manhã ouve o cumprimento: "Fala, metida!" Ao lado dela, bem quietinha, outra garota escuta lá do fundo da sala: "Abre a boca, zumbi!" E a classe cai na risada.

O ambiente parece normal para você? Então leia esta reportagem com atenção. O nome dado a essas brincadeiras de mau gosto, disfarçadas por um duvidoso senso de humor, é bullying. O termo ainda não tem uma denominação em português , mas é usado quando crianças e adolescentes recebem apelidos que os ridicularizam e sofrem humilhações, ameaças, intimidação, roubo e agressão moral e física por parte dos colegas. Entre as conseqüências estão o isolamento e a queda do rendimento escolar. Em alguns casos extremos, o bullying pode afetar o estado emocional do jovem de tal maneira que ele opte por soluções trágicas, como o suicídio.

Pesquisa realizada em 11 escolas cariocas pela Associação Brasileira Multiprofissional de Proteção à Infância e à Adolescência (Abrapia), no Rio de Janeiro, revelou que 60,2% dos casos acontecem em sala de aula. Daí a importância da sua intervenção. Mudar a cultura perversa da humilhação e da perseguição na escola está ao seu alcance. Para isso, é preciso identificar o bullying e saber como evitá-lo.
(novaescola@atleitor.com.br)

Fenômeno bullying

Como prevenir a violência nas escolas e educar para a paz

Cleo Fante



Autora

A brasileira Cleo Fante é educadora, pesquisadora, conferencista, escritora e doutoranda em Ciências da Educação pela Universidade de Ilhas Baleares, Espanha.

Desde 2000 vem pesquisando a questão da violência nas escolas, dedicando-se especialmente ao estudo do fenômeno bullying.

Apaixonada pela causa da educação e consciente de que é nos primeiros anos escolares que podem surgir os traumas que se originam na violência sofrida tanto em casa como na escola, a autora enfatiza a necessidade de resgatar a saúde emocional da criança o mais cedo possível. Foi assim que, propondo-se um trabalho voluntário nas escolas, idealizou o programa Educar para a Paz – projeto inteligente, criativo e eficaz, já aplicado em algumas escolas e altamente recomendado em razão dos excelentes e animadores resultados. Atualmente coordena um curso de pós-graduação em fenômeno bullying com abordagem psicanalítica na prevenção da violência escolar, ministra cursos de capacitação para uma educação voltada para a paz e palestras e conferências sobre o fenômeno bullying, além de escrever artigos para veículos diversos.


Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade

O que é o TDAH?

O Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) é um transtorno neurobiológico, de causas genéticas, que aparece na infância e freqüentemente acompanha o indivíduo por toda a sua vida. Ele se caracteriza por sintomas de desatenção, inquietude e impulsividade. Ele é chamado às vezes de DDA (Distúrbio do Déficit de Atenção). Em inglês, também é chamado de ADD, ADHD ou de AD/HD.


Existe mesmo o TDAH?

Ele é reconhecido oficialmente por vários países e pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Em alguns países, como nos Estados Unidos, portadores de TDAH são protegidos pela lei quanto a receberem tratamento diferenciado na escola.




Minha Vida


Ele era uma criança levada, que não parava no lugar e não se concentrava em nada. Diziam que ele era hiperativo, mas pera aí? Como podia ser hiperativo uma criança que ao jogar videogame ou assistir um jogo do Flamengo na televisão ficava horas e horas parada sem ao menos piscar os olhos?

"Mal educado!!!!" " Sem limites!!!!" "Capeta!!!!" "Disperso!!!!" "Louco!!!" eram frases que ele comumente ouvia.

Ele sofria com isso, porém, sempre se considerou como os outros, pois tinha uma vida parecida com a dos seus amigos, mesmos hábitos, costumes, cultura, mas sempre fazendo as coisas muitas vezes sem pensar. Mesmo assim, ele não era somente defeitos, assim como perdia amigos facilmente, os recuperava com seu carisma e sua inteligência.

Inteligência que incomodava a muitos, pois não o viam estudar muito, se empenhar e mesmo assim colher como frutos, bons resultados... "Mas pera aí, ele nunca pode ser um bom aluno!" "Ele só pode estar colando".

Eis então que ele cresceu, a criança hiperativa mal educada virou um jovem. Ele, agora mais velho, continuava tendo muitos amigos, saía, se divertia e jogava muito bem futebol, algo em que definitivamente se concentrava e parecia até uma pessoa "normal"; ele era o capitão de seu time da escola, exercia toda sua liderança em quadra e se orgulhava muito disso.

Na sala de aula, parecia que sua liderança se tornava algo negativo, o fazia não ter forças para estudar, para prestar atenção, atrapalhava a turma, desconcentrava os professores e criava muitas inimizades. Inimizades essas que não acreditavam como ele podia obter bons resultados. E as vitimas de sua tenebrosa atitude sem limites? Ele não pode corresponder às expectativas.

Ele era o capitão do time, ele era querido.....

Ele era um menino problema; em sala de aula, ele era odiado.


Como sua vida não era feita só de futebol, ele foi campeão no campo, e foi derrotado fora dele; foi perseguido como um bandido sem direito a legítima defesa, afinal foi pego várias vezes em flagrante, com sua maligna hiperatividade e sua temível impulsividade.

Orgulhosamente, foi lhe dado o veredicto final, como um juiz que dá uma sentença a um réu, sua reprovação em matemática foi ovacionada pelos guardiões da boa conduta e da paz escolar, e sua conseqüente saída da escola como um início de um novo ciclo de alegria, sem ele, aquele menino, que jogava bem futebol, mas somente isso.

Ele chorou, perdeu seus amigos, sua escola, mas mais do que tudo isso, perdeu sua auto-confiança.

Ele já estava se tornando um adulto, e por meios do destino sua mãe conheceu um médico que tratava de um tal “déficit de atenção”. Seria tão somente o 445º tipo de tratamento para curar aquele garoto-problema, algo que até o mesmo já estava praticamente convencido que era.

Mandaram-lhe tomar Ritalina, um remédio ruim, que tira fome, e que lhe daria mais atenção e blá blá blá !!! Algo que ele já estava cansado de ouvir. Ele tomou a medicação sem crença nenhuma naquilo.

E o tempo foi passando, ele vivendo sua vida, em uma nova escola, procurando seu lugar no time de futebol do colégio...

Em 4 anos ele se tornou capitão do time. E mais, foi campeão vencendo a sua ex-escola; se formou como um dos melhores alunos da turma, passou para a faculdade que queria, tirando nota 10 na prova de matemática, a matéria que o fez passar um dos seus piores momentos ao ser reprovado.


Hoje ele está na faculdade. Ele ainda tem muito o que viver, com seu jeito hiperativo, desatento, mas agora controlado, sem deixar de ser ele mesmo. Ele vai vivendo, com o intuito de um dia poder mostrar que não era um bandido, um mal educado, nem um “sem limites”; era apenas uma pessoa diferente e, como todas outras pessoas diferentes, pode e deu certo na vida.

Hoje ele é feliz, tem uma namorada, estuda o que gosta, tem muitos amigos, sua família se orgulha dele e, acima de tudo, ele próprio sabe o que tem e vive feliz com a sua realidade.

Ele deseja que o que ele sofreu, outras pessoas não sofram um dia.

Ele?

Sou eu...

Beto
Contato através de betok@tdah.org.br